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Maria,mãe de Deus!!

Maria mãe de Deus. "A Virgem Maria não é a Mãe de Deus, dizem os protestantes. Ela é a mãe de Jesus Cristo". Tal afirmação ...

sábado, 23 de janeiro de 2016

Maria Medianeira

1. Entre os títulos atribuídos a Maria no culto da Igreja, o capítulo VIII da Lumen gentium recorda o de ``Medianeira``. Embora alguns Padres conciliares não compartilhassem plenamente essa escolha (cf. Acta Synodalia III, 8, 163-164), este apelativo foi inserido de igual modo na Constituição dogmática sobre a Igreja, como confirmação do valor da verdade que ele exprime. Teve-se, porém, o cuidado de não o ligar a nenhuma particular teologia da mediação, mas de o elencar apenas entre os outros títulos reconhecidos a Maria. O texto conciliar, além disso, refere-se já ao conteúdo do título de Medianeira quando afirma que Maria, com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna`` (LG, 62). Como recordo na Encíclica Redemptoris mater, a mediação de Maria está intimamente ligada à sua maternidade e possui um caráter especificamente maternal, que a distingue da mediação das outras criaturas`` (n. 38). Deste ponto de vista, Ela é única no seu gênero e singularmente eficaz.
2. Às dificuldades manifestadas por alguns Padres conciliares acerca do termo ``Medianeira``, o mesmo Concílio cuidou de responder, afirmando que Maria é ``para nós a Mãe na ordem da graça`` (LG, 61). Recordamos que a mediação de Maria se qualifica fundamentalmente pela sua maternidade divina. O reconhecimento do papel de Medianeira está, além disso, implícito na expressão ``nossa Mãe``, que propõe a doutrina da mediação Mariana, pondo em evidência a maternidade. Por fim, o título ``Mãe na ordem da graça`` esclarece que a Virgem coopera com Cristo no renascimento espiritual da humanidade.
3. A mediação materna de Maria não ofusca a única e perfeita mediação de Cristo. O Concílio, com efeito, depois de ter mencionado Maria Medianeira , desvela-se em esclarecer: Mas isto entende-se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único Mediador, que é Cristo`` (LG, 62). E a respeito disto, cita o conhecido texto da Primeira Carta a Timóteo: ``Porque há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem, que Se entregou em resgate por todos`` (2, 5-6). O Concílio afirma, além disso, que ``a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; antes, manifesta a sua eficácia (LG, 60). Longe, portanto, de ser um obstáculo ao exercício da única mediação de Cristo, Maria põe antes em evidência a sua fecundidade e a sua eficácia. ``Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a sua eficácia`` (LG, 60).
4. De Cristo deriva o valor da mediação de Maria e, portanto, o influxo salvador da Bem-aventurada Virgem de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece (ibid.). A intrínseca orientação da obra da ``Medianeira`` a Cristo impele o Concílio a recomendar aos fiéis recorrer a Maria, ``para mais intimamente aderirem com esta ajuda materna, ao seu Mediador e Salvador`` (LG 62). Ao proclamar Cristo como único Mediador (cf. 1 Tm 2, 5-6), o texto da Carta de São Paulo a Timóteo exclui qualquer outra mediação paralela, mas não uma mediação subordinada. Com efeito, antes de ressaltar a única e exclusiva mediação de Cristo, o autor recomenda ``que se façam súplicas, orações, petições e ações de graças por todos os homens...`` (2, 1). Não são porventura as orações uma forma de mediação? Antes, segundo São Paulo, a única mediação de Cristo é destinada a promover outras mediações dependentes e ministeriais. Proclamando a unicidade da mediação de Cristo, o Apóstolo só tende a excluir toda a mediação autônoma ou concorrente, mas não outras formas compatíveis com o valor infinito da obra do Salvador.
5. É possível participar na mediação de Cristo em diversos âmbitos da obra da salvação. A Lumen gentium, depois de ter afirmado que ``nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e Redentor``, ilustra como é possível às criaturas exercer algumas formas de mediação, em dependência de Cristo. Com efeito, Afirma: ``Assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se difunde variadamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa única fonte`` (LG, 62). Nesta vontade de suscitar participações na única mediação de Cristo, manifesta-se o amor gratuito de Deus que quer compartilhar aquilo que possui.
6. Na verdade, o que é a mediação materna de Maria senão um dom do Pai à humanidade? Eis por que o Concílio conclui: ``Esta função subordinada de Maria, não hesita a Igreja em proclamá-la; sente-a constantemente e inculca-a nos fiéis...`` (ibid.). Maria desempenha a sua ação materna em contínua dependência da mediação de Cristo e d``Ele recebe tudo o que o seu coração desejar transmitir aos homens. Na sua peregrinação terrena, a Igreja experimenta ``continuamente`` a eficácia da ação da ``Mãe na ordem da graça``.

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